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O voo é livre – Lição #1, de algumas

“Um passarinho quando aprende a voar sabe mais de coragem que de voo.”

Vi essa frase esses dias, de autor que desconheço, e me impressionei com o tanto que me tocou.
Sabe quando peças se encaixam dando forma, finalmente, a algo que faz sentido ver? No meu caso fez sentido sentir.
Em todo processo de transição de carreira e, na verdade, até hoje em alguns momentos, por muitas vezes eu acreditei que o que me faria “voar” na minha nova carreira seriam as técnicas que eu teria que aprender, os leads que eu teria que gerar, os seguidores que eu teria que obter, o marketing que eu tinha que fazer para vender, e por aí vai.

Nada disso encaixava assim, como a frase encaixou, de um jeito que fizesse sentido e fosse confortável, e não corrompida. Buscar técnicas demais me fazia sentir como uma coach que faz o que todo mundo faz quando sai daquele curso super rápido e mecânico de formação. Cursos de coaching estão por aí a rodo. É curso pra ter a “patente” e começar a atender, é curso para se tornar uma coach mais segura e com lista de espera, é curso de todas as mil ramificações que o coaching pode ter, é curso para aplicar fórmula de num sei o quê, enfim, curso para a gente se apoiar e pensar que “depois desse o negócio vai”, não falta mesmo. E olha, isso não é uma crítica aos cursos não. Muitos deles ajudam as pessoas exatamente com aquilo que estão propondo e, provavelmente, quem passou por eles estava mais pronto para voar do que eu. No fim das contas, mesmo fazendo alguns deles, ainda assim, sentia que algo estava faltando e que ainda não era o suficiente para eu me lançar.

Imagino que para todas as áreas de trabalho seja assim. A síndrome do impostor cresce muito a cada dia e os profissionais se sentem cada vez menos capazes de fazer algo, porque precisam de um MBA, uma certificação ou qualquer coisa que traga um peso no currículo que tampe temporariamente o buraco que cavamos na nossa autoconfiança. O tempo todo estamos tão focados em acreditar que o que nos fará voar é aprender, simplesmente, tudo que seja relacionado ao voo, do que, na verdade, trabalhar na coragem de tentar as primeiras manobras.

Antes de falar pela primeira vez em um workshop de coaching, ainda trabalhando com TI, minha amiga e coach responsável por esse workshop me perguntou: “do que você tem medo?”. Como poucas coisas na vida, essa pergunta veio como um soco no estômago e um tiro no coração. A resposta, sem pestanejar, foi algo como: “de eles não gostarem de mim, de não ser boa o suficiente. Eles estão pagando para ver você, experiente, não eu.”. Na minha cabeça tinha tudo a ver com ser aceita e ter técnicas o suficiente para impressionar, o que nada mais é do que uma necessidade de aprovação sem fundamento que todos alimentamos. A vida inteira eu aprendi que só com essas coisas faríamos alguém nos ouvir e me achei menos experiente que qualquer pessoa que tivesse uma opinião mais formada do que eu, além de mais coragem para se expor, por mais boçal que fosse a ideia.

E então, mais um soco no estômago, mais um tiro no coração. Ela disse, com todo carinho, algo parecido com: “Eles não compraram o workshop para me ver. Eles compraram porque precisam de ajuda em algo que os incomoda muito nesse momento. Esse workshop não é sobre você, nem sobre mim, é sobre o que a gente pode passar para eles. Então, nossa preocupação deve ser  se doar ao máximo para passar todo conteúdo que tivermos e que possa ajudar nisso.”. E foi aí que comecei um processo que nem sabia que estava tendo início. O processo da coragem de ser imperfeita, como diria Brené Brown, e se lançar à vida com a verdade, não com técnica.

Quando colocamos algo no mundo não é sobre nós, e sim, sobre o que temos para contribuir, seja isso uma atividade mega existencial, revolucionária e filantrópica, seja isso talento técnico e mecânico ou então um simples ato de gentileza. O importante é libertar o que tanto sufocamos sobre nós mesmos em prol de algo maior, não da aceitação alheia nem da autoafirmação. É tentar levantar da cama todos os dias e se questionar quais partes de nós levantarão voo, reverberando em outros cantos, sem nem saber que isso é possível. É começar a lapidar essas partes de nós que irão contribuir para ver crescer o mundo que queremos viver.

E esse foi o primeiro grande aprendizado sobre coragem, não sobre voo.

(Se alguém souber quem é o autor da frase, por favor, me avise para os devidos créditos 😉 )

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